Me perguntaram qual o sentido da vida. Minha resposta foi peremptória: - A vida não tem sentido, ela é absurda, sem bitolas e somos convidados, todos os dias, a dar algum sentido a ela. Como o goleiro que precisa de reflexo para compensar o contrapé de ver a bola ir para a trave oposta, assim precisamos nos reinventar no meio do pulo que a vida nos dá. Também erramos (pecamos) e depois de nossas faltas, necessitamos apanhar os cacos para dar novos rumos à existência. Somos feridos - às vezes, quase que de morte - e com cicatrizes ainda abertas recebemos ânimo, não se sabe de onde, e pintamos novas aquarelas. De repente, uma gratuidade imensa, tão enorme que parece vinda do céu, nos deixa arrebatados, e mesmo a partir de presentes inimagináveis, temos que criar novas rotas. Não existem agendas pré-escritas; nossos mapas não estão delineados por um destino- bom ou cruel. Nascemos em circunstâncias acolhedoras ou terríveis, e sem as cadeias do fatalismo, temos que dar