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Mostrando postagens de fevereiro, 2025

A Tirania da Perfeição

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A perfeição, como um cárcere invisível, lança-me em seus grilhões e subjuga-me sob seu jugo implacável. Talvez não passe de um ídolo quimérico, um espectro idealizado, um simulacro inatingível que, contudo, escraviza-me a uma demanda insaciável. Seu decreto, insidioso e silencioso, impõe-se como uma miragem sedutora, um reflexo enganador que obliteria a autenticidade e ofusca a beleza inata das imperfeições que me compõem. Ah, quão árduo é o fardo da perfeição! Ela nos impõe uma marcha incessante rumo ao inalcançável, um voo cego em direção a um horizonte que sempre se retrai à nossa aproximação. Iludidos por sua promessa de completude, sufocamos nossas fragilidades, ocultamos nossas hesitações e silenciamos nossas falhas, como se nelas residisse a vergonha, e não a essência mesma do humano. No entanto, é na vulnerabilidade que germina a força; é no frágil desamparo da existência que brotam a coragem e a resiliência. A perfeição, essa tirana inclemente, priva-nos do direito de sermos i...

O Silêncio .O Indizível.O Virar da Última Página!

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Há algo que vive nos interstícios da linguagem, uma presença que se esconde no espaço entre as palavras. Esse vazio, que parece ausência, é na verdade um ventre onde germina o indizível. Pois o que mais nos toca e nos transforma não é necessariamente aquilo que dizemos, mas aquilo que nos escapa, aquilo que permanece à margem, sussurrando sua existência nas entrelinhas. Toda palavra é uma tentativa de captura, um esforço de aprisionar a vastidão dentro do contorno estreito da fala. Mas o indizível escorre pelos dedos, dissolve-se no ar antes de se fixar no som, transita entre o querer dizer e o não saber como. Como um véu translúcido, o silêncio cobre o que há de mais verdadeiro, pois certas verdades não suportam a dissecação do discurso. São sensações demasiado vastas, angústias que não se deixam traduzir, lembranças que se recusam a ser nomeadas. O silêncio, então, não é um mero intervalo entre palavras – ele é o que as sustenta. Como uma partitura que precisa das pausas para dar for...

"Fora de Controle. Força Controlada!"

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Acredito fielmente: questões que aparentemente estão fora de nosso controle,na verdade, são oportunidades divinas de  treinamento, capacitação e desenvolvimento de nossas habilidades de superação.  O Apóstolo Paulo era perito nesse quesito da superação.Quem lê sua biografia, percebe que, nas situações mais agravantes e solitárias,foi onde encontrou os maiores recursos para vencer!Declara ele: "as coisas que não são,se tornam matéria prima que irão operar   em nosso favor e se substantificar, potenciando nos para continuar a carreira da vida." Romanos 4:17 declara: "...e chama as coisas que não são,como se já fossem!" Na filosofia estóica, aprendemos que o que está fora do nosso controle não deve nos perturbar. Contamos apenas com nossa mente, nossas ações e nossa capacidade de responder aos eventos da vida com virtude e resiliência. No pensamento japonês encontramos a mesma ideia expressa de outra forma: a disciplina, o autodomínio e a aceitação do caminho como ele ...

"Pastor ou Adestrador de Almas?"

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 "Pastor ou Adestrador de Almas?" Cheguei a seguinte conclusão. Em todos esses anos de ministério, me certifico de que: Pastorear é uma vocação que exige  conhecimento, aprofundamento e garimpo dos entulhos da  alma humana, como também das virtudes cultivadas.  Se o ministério não obedecer esse padrão de atitude e conduta, o Pastor não é um chamado , mas sim, um adestrador de almas.   Digo isso porque... Estamos vivendo o tempo da maior crise de verdadeiros vocacionados ao Ministério Pastoral. Esse fenômeno tem produzido uma geração de "crentes com espirito de adestramento."   O termo "espírito de adestramento" pode ter uma conotação negativa quando se refere a um ambiente ou mentalidade em que a disciplina e a obediência são impostas de maneira excessivamente rígida, autoritária ou até opressiva. Nesse contexto, a ênfase é colocada mais na conformidade e na submissão do que no aprendizado e no crescimento pessoal. Como uma manada de bois. Sinais notór...

"A SABEDORIA DE VIVER"

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 A SABEDORIA DE VIVER  O texto de Eclesiastes 12 é profundo e reflexivo da Bíblia, que oferece ensinamentos valiosos sobre a vida, a juventude, a velhice e a importância de lembrar de Deus em todas as etapas da nossa jornada.  Resumo de Eclesiastes 12  Lembrar do Criador na Juventude: Os primeiros versículos aconselham os jovens a se lembrarem de Deus antes que cheguem os dias difíceis da velhice. É um chamado para valorizar e viver a juventude com propósito e fé.  A Velhice e a Mortalidade: Há uma descrição poética dos desafios e fragilidades que vêm com a idade avançada. O autor usa metáforas para ilustrar a deterioração física e a inevitabilidade da morte.  A Conclusão da Vida: O capítulo termina com uma afirmação sobre o propósito final do ser humano: temer a Deus e guardar os Seus mandamentos, pois isso é o dever de toda a humanidade. Também destaca que Deus trará tudo a julgamento, incluindo todas as ações secretas.  Deus em sua infinita Graça e ...

A Compreensão como Último Refúgio

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  A Compreensão como Último Refúgio Observar o homem é contemplar um teatro sem fim, onde cada ator ignora o roteiro e improvisa com a convicção de um papel bem ensaiado. Entre o riso e o desprezo, ergue-se uma terceira via: a compreensão, esse olhar que não julga, mas decifra; que não condena, mas investiga; que não se ergue acima, mas mergulha fundo. A tragédia e a comédia se enlaçam no destino humano, pois a existência oscila entre a grandeza e a pequenez, entre o sublime e o ridículo. Rir das quedas dos outros é esquecer que tropeçamos do mesmo modo. Desprezar suas ilusões é ignorar as nossas. E, no entanto, há uma tentação irresistível nesses dois gestos: o riso preserva a distância, o desprezo protege da contaminação. Mas compreender exige proximidade, risco, exposição à vertigem de saber-se também parte do jogo. O olhar que compreende não se fecha na ironia nem na indiferença. Ele adentra as contradições humanas com o rigor de um pensador e a ternura de um poeta. Vê na loucu...

“Para quem não sabe onde vai, qualquer caminho serve”

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  A célebre máxima de Lewis Carroll, proferida pelo enigmático Gato Cheshire, “Para quem não sabe onde vai, qualquer caminho serve”, transcende a singeleza de um conselho casual e se configura como uma aguda reflexão filosófica sobre a necessidade da orientação e da clareza de propósitos na existência humana. Longe de ser uma trivial observação sobre a aleatoriedade dos caminhos, a frase aponta para a essencialidade do direcionamento consciente das ações, sob pena de se cair em um errático vagar sem destino. Na ausência de um horizonte bem definido, todas as escolhas se tornam equivalentes e, por conseguinte, desprovidas de significado. A falta de um norte transforma o percurso em um deambular arbitrário, no qual as decisões não obedecem a um critério estruturado, mas apenas ao acaso ou à contingência do momento. Aquele que não estabelece um objetivo para si está vulnerável a ser conduzido pelas circunstâncias, incapaz de exercer domínio sobre seu próprio destino. A importância de ...

Idiota e a Evolução da Palavra

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 A palavra “idiota” tem uma origem interessante que remonta à Grécia Antiga, onde seu significado era bem diferente do que conhecemos hoje. Vamos explorar a história e a transformação desse termo ao longo dos séculos. Origem na Grécia Antiga Na Grécia Antiga, o termo “idiotés” (ἰδιώτης) era usado para descrever um cidadão que se mantinha à parte da vida pública, alguém que não participava dos assuntos políticos ou sociais da cidade. Esse cidadão era visto como alguém que se preocupava apenas com seus próprios interesses privados, não contribuindo para a sociedade. Assim, o termo “idiota” originalmente se referia a uma pessoa comum ou privada, em oposição a alguém que era “público” ou ativo nos negócios públicos. Em essência, a palavra “idiota” não tinha uma conotação necessariamente negativa. Era simplesmente uma designação para alguém que não desempenhava um papel na administração ou na política, algo que era visto como importante na democracia ateniense. No entanto, o significado...

O ANALFABETO POLÍTICO

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O analfabeto político O pior analfabeto é o analfabeto político. Ele não ouve, não fala, não participa dos acontecimentos políticos. Ele não sabe que o custo de vida, o preço do feijão, do peixe, da farinha do aluguel, do sapato e do remédio depende das decisões políticas. O analfabeto político é tão burro que se orgulha e estufa o peito dizendo que odeia política. Não sabe o imbecil que da sua ignorância nasce a prostituta, o menor abandonado, o assaltante e o pior de todos os bandidos que é o político vigarista, pilantra, corrupto e lacaio dos exploradores do povo. –– extraído de “O analfabeto político”, poema de Bertolt Brecht (1898-1956), grande mestre do Teatro, da Poesia e da Política, um ilustríssimo aniversariante de 10 de fevereiro.

"A Brevidade da Vida e a Gestão do Tempo"

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 A Brevidade da Vida e a Gestão do Tempo : Reflexões a Partir de Sêneca Entre as muitas inquietações que atormentam a alma humana, poucas são tão universais e inescapáveis quanto a consciência da brevidade da vida. Desde a antiguidade, filósofos refletiram sobre essa condição inexorável, mas poucos o fizeram com a clareza, a acidez e a profundidade de Sêneca, o estoico que, em sua obra De Brevitate Vitae, desmonta a ilusão de que o tempo nos é escasso por natureza. Para ele, a vida não é curta em si mesma, mas sim desperdiçada pelos homens, que a dissipam em futilidades, ambições vãs e preocupações insignificantes. O problema, pois, não reside na duração da existência, mas no mau uso que dela fazemos. Essa tese, embora formulada no século I d.C., ressoa de maneira assustadoramente contemporânea. Vivemos em uma era obcecada pela produtividade e pelo entretenimento instantâneo, na qual as pessoas passam a maior parte de suas vidas envolvidas em atividades que pouco contribuem para su...

Mãos que nos constroem!

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  Um jovem foi se candidatar a um cargo alto  numa grande empresa. Passou na entrevista inicial e teve a última entrevista com o diretor. O diretor viu o seu CV, era excelente. E perguntou-lhe:  - Recebeu alguma bolsa na escola? - o jovem respondeu - Não. - Foi o seu pai que pagou pela sua educação? - Sim - respondeu ele. - Onde é que seu pai trabalha? - Meu pai faz trabalhos de serralheria. O diretor pediu ao jovem para mostrar as suas mãos. O jovem mostrou as suas mãos suaves e perfeitas. - Já ajudou seu pai no seu trabalho? - Nunca, meus pais sempre quiseram que eu estudasse e lesse mais livros. Além disso, ele pode fazer essas tarefas melhor do que eu. O Diretor lhe disse: - Eu tenho um pedido: quando for para casa hoje, vá e lave as mãos do seu pai. E venha me ver amanhã de manhã. O jovem sentiu que a possibilidade de conseguir o trabalho era alta! Quando voltou para casa, ele pediu ao seu pai para deixá-lo lavar suas mãos. O pai achou estranho, mas com uma mistura d...

"CINCO ATITUDES CONTRA OS GIGANTES QUE NOS APAVORAM" (Lições de Davi)

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  "CINCO ATITUDES CONTRA OS GIGANTES QUE NOS APAVORAM" (Lições de Davi) Quarenta dias de pavor é o que relata o capítulo 17 de 1 Samuel. Foi o tempo que um gigante chamado Golias aterrorizou o Exército de Israel. 1 Samuel 17:16 Quarenta é um tempo significativo nas Escrituras Sagradas. Vejamos: O número 40 possui um grande significado simbólico na Bíblia e é frequentemente associado a períodos de provação, teste e preparação. Aqui estão alguns exemplos notáveis: O Dilúvio de Noé: A chuva caiu por 40 dias e 40 noites, purificando a Terra de toda a maldade (Gênesis 7:12). Moisés no Monte Sinai: Moisés passou 40 dias e 40 noites no Monte Sinai recebendo os Dez Mandamentos (Êxodo 24:18). Os Israelitas no Deserto: Os israelitas vagaram no deserto por 40 anos antes de entrar na Terra Prometida (Números 14:33-34). Jesus no Deserto: Jesus jejuou por 40 dias e 40 noites no deserto, onde foi tentado pelo diabo (Mateus 4:2). A Ascensão de Jesus: Após a ressurreição, Jesus apareceu aos s...

A Vida como um Quebra-Cabeça: A Arte dos Encaixes e o Silêncio das Peças Perdidas

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 A Vida como um Quebra-Cabeça: A Arte dos Encaixes e o Silêncio das Peças Perdidas A existência, em sua vastidão e complexidade, pode ser vista como um intrincado quebra-cabeça, cujas peças se entrelaçam em um jogo sutil entre o acaso e a intenção. Cada fragmento que o compõe simboliza os pequenos detalhes da vida – momentos efêmeros, encontros fortuitos, escolhas que nos conduzem por caminhos desconhecidos. E, como em toda obra que requer paciência e discernimento, a forma como manipulamos essas peças define a plenitude ou a fragmentação do nosso destino. Se nos precipitarmos na montagem desse grande mosaico, corremos o risco de forçar encaixes errôneos, distorcendo a imagem que deveria emergir naturalmente. Há pressa na alma daqueles que, impelidos pela impaciência ou pelo medo do vazio, tentam moldar o tempo à sua vontade, sem perceber que a vida não se curva a impulsos impetuosos. Assim como um quebra-cabeça mal manuseado resulta em formas disformes e lacunas irreparáveis, uma ...

"A VERDADEIRA COMUNHÃO E SEUS PROPÓSITOS!"

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  VERDADEIRA COMUNHÃO E SEUS PROPÓSITOS! Então, façam-me verdadeiramente feliz, amando-se uns aos outros e concordando uns com os outros de todo o coração, trabalhando juntos com um só coração, uma só mente e um só propósito. Filipenses 2:2 ( versão Bíblia Viva) -  Completai a minha alegria, de modo que penseis a mesma coisa, tenhais o mesmo amor, sejais unidos de alma, tendo o mesmo sentimento. Filipenses 2:2 (Almeida e Atualizada) Foi na comunidade de Filipos que o evangelho chegou pela primeira vez na Europa. Paulo pregou e organizou a comunidade por ocasião da sua segunda viagem missionária, por volta de 50 d.C. Paulo visitou novamente a cidade em sua terceira viagem, por volta de 57 d.C. Nestas visitas à cidade de Filipos, o apóstolo procurava animar a comunidade ali estabelecida. Provavelmente a comunidade iniciou na casa de Lídia, natural de Tiatira na Ásia Menor e negociante de púrpura. Nasce assim a “igreja doméstica” chefiada por uma mulher. Paulo via a comunidade de...

" A Fila de Espera e a Filosofia do Tempo Perdido"

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  A Fila de Espera e a Filosofia do Tempo Perdido Entre o Tédio e a Introspecção: O Tempo Subjetivo da Espera O que significa esperar? À primeira vista, a espera parece um intervalo vazio, um hiato entre dois acontecimentos, um lapso temporal sem valor próprio. No entanto, esse “tempo morto” da fila de espera, do trânsito congestionado, do atendimento que não chega, carrega uma complexidade existencial profunda. Estaria o tempo, nesses momentos, sendo desperdiçado ou seria ele, paradoxalmente, um convite à introspecção? A espera, em sua essência, é a confrontação do indivíduo com o tempo puro, sem distrações. No cotidiano acelerado, onde cada instante é instrumentalizado e cada ação exige um propósito, ser forçado a aguardar sem controle sobre a duração desse intervalo pode gerar angústia e impaciência. A fila é um espaço de impotência: estamos nela, mas não a comandamos. Como nos lembraria Sartre, em O Ser e o Nada, a angústia nasce quando o sujeito percebe que sua liberdade é lim...