"O CATECISMO DE JESUS"


Depois de dar voltas sem sair de bitolas doutrinárias, ouso despir certas lógicas religiosas de suas mentiras.
Uma delas diz respeito às pretensões da religião em ditar pureza.
Sei que quanto mais a religião tenta valer um discurso capaz de produzir gente pura, mais as pessoas procuram esconder suas falhas; e quanto mais procuram aparecer certinhas, mais caiada fica a parede do sepulcro.
Hoje trato a pretensão de correção absoluta como mistificação.
Não só testemunhei enormes malabarismos de falsos santarrões, dissimulando grandes escândalos éticos, como lamentei que apontassem pecadilhos na vida de outros.
Jesus nunca valorizou pieguismo, daí não procurar acompanhar-se de gente certinha demais; ele evitou, e criticou, quem se gabava de cumprir as demandas da lei.
Jesus chamou os austeros sacerdotes, de sepulcros caiados e os tratou como cegos guiando cegos; disse também que fariseus faziam convertidos, mas os condenavam a um inferno duplo.
Jesus nunca evitou a companhia de pecadores, tanto que, ao alistar apóstolos, relevou suas inadequações.
Pedro era tempestivo; Tomé, hesitante; João, vingativo; Filipe, lento em compreender; Judas, ladrão.
Jesus estava familiarizado com as sinagogas, mas não buscou discípulos nesses lugares.
Jesus estimulou um ambiente leve por onde andou, daí a mulher de reputação duvidosa não se intimidar em derramar perfume sobre sua cabeça.
Jesus elogiou a fé de um centurião romano (certamente pouco familiarizado com as exigências do Deus de Abraão); não deixou que apedrejassem uma adúltera e mostrou-se impressionado com a fé de uma mulher siro-fenícia.
No estertores da morte, Jesus prometeu o paraíso a um ladrão; para ele, o samaritano, que ama, e não o mestre cumpridor da lei, merece ser herói em uma parábola.
Caráter, portanto, tem a ver com valores e não com obediência a cartilhas e catecismos ditados por sacerdotes.
E é assim que construo minha espiritualidade. (Ricardo Gondim)

Subscrito,
Bonani

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