ELE É A REDE ONDE NÓS DEITAMOS!


Casa com rede na varanda
Rubem Alves escreveu que Deus não é pássaro que prendemos em redes. Ele é a rede onde nos deitamos. Concordo, Deus é a rede que nos dá repouso, onde encontramos algum fôlego para a aventura de viver.
Quanto mais a religião se vê fragilizada, maior apego a seu conjunto de afirmações e discursos. A doutrina é um último recurso para proteger uma religião. Como em todas, o Divino é o tema principal, sempre que uma corrente religiosa se sente ameaçada mais busca ser exata em definir e explicar Deus. O Mistério divino fica, assim, domesticado pelo clero. Deus passa a caber nas afirmações da teologia e denominação exibe fortaleza.
Daí, quando vida e dogma colidem, a teologia fica sempre em primeiro lugar. O feixe de arrazoamentos ganha primazia sobre o compromisso com vidas.
Ao invés de colocar-se como defensora da vida, a religião passa a proteger o conjunto de verdades que pode lhe salvar.
Eis um motivo porque algumas igrejas lutam para se proteger tanto; elas precisam de afirmações inabaláveis. Essas certezas se tornam dogmatismo. A sustentação do edifício burocrático em nome de Deus depende deles. Uma premissa do fundamentalismo é existirem verdades absolutas que transcendem cultura, tempo e qualquer circunstância.
No fundamentalismo, para fazer a doutrina valer, a vida precisa ser relativizada. Assim as afirmações categóricas da religião ganham apologetas. Defendidas a qualquer custo, são mais preciosas que pessoas. Se a existência se mostrar bruta, e o enunciado teológico não der conta de explicar o sofrimento, algumas frases passam a ser, piedosamente, defendidas. Vazias de argumento, mas sagradas.
Se guerras e genocídios cobram explicação, o fundamentalismo não se importa caso suas respostas soem como tolice. Mal se importam em responder aos horrores da fome, da miséria e da morte?
Igrejas vazias de conteúdo ninguém as respeita.
Reagimos ao sofrimento com qual ideia de Deus? Na hora em que for necessário debulhar o infortúnio que nos acossa, é melhor que a rede onde deitamos nos lembre o colo de nossa mãe, que tanto nos acolheu.
Subscrito!
Bonani

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