“TEMPLO.TEMPO.TEOLOGIA SISTEMÁTICA E O LÓCUS!”
“TEMPLO. TEMPO. TEOLOGIA SISTEMÁTICA E O LÓCUS!”
“Jesus saiu do templo e, enquanto caminhava, seus
discípulos aproximaram-se dele para lhe mostrar as construções do templo.
“Vocês estão vendo tudo isto? ", perguntou ele. "Eu lhes garanto que
não ficará aqui pedra sobre pedra; serão todas derrubadas". Mateus 24:1-2
“Todo sistema teórico,
inclusive o teológico, ostenta ao menos um certo atrativo estético. Mas nisso
também reside o seu poder de sedução: os sistemas poupam a muito os leitores, e
certamente aos deslumbrados, o pensamento critico pessoal e uma decisão independente
e responsável, porque não se apresentam para serem discutidos.” Moltmann
Pelo menos, já fazem dez anos que tenho questionado o modelo
do sistema teológico evangélico, principalmente o
ortodoxo sistemático manualista. A atual pandemia e sua proposta do “Novo Normal”,
com certeza, irá trazer à superfície várias questões de cunho teológico,
principalmente os da “summa” sistemática da teológica evangélica. A teologia
sistemática manualista, reivindica uma totalidade de perfeita organicidade. Todos
seus enunciados devem ser isentos de contradições e ajustam-se mutuamente. Alegoricamente
dizendo; é como o olhar interpretativo dos discípulos de Jesus olhando para o Templo
como se o mesmo saísse de uma fundição inteiriça! “Jesus saiu do templo
e, enquanto caminhava, seus discípulos aproximaram-se dele para lhe mostrar as
construções do templo…”
Desde O Iluminismo, surgido na França no século XVIII, com sua
principal característica de defender o uso da razão sobre o da fé para entender
e solucionar os problemas da sociedade, a proposta teológica sistemática
manualista vai sendo desafiada e confrontada com novos paradigmas.
Tendo como base de ideias a proposição metafísica aristotélica,
sendo paulatinamente organizada como pensamento unívoco de enunciado,
cristalizado pela grande influencia estadunidense e seus manuais teológicos, a
teologia sistemática tem sido confrontada como novas descobertas científicas e
evidencias inequívocas. Entretanto não propõem diversidade de vozes e de
leituras interpretativas, tão necessárias, muito mais agora no chamado “Novo
Normal”.
A questão que tenho observado, é que a teologia sistemática
manualista, nos moldes que se apresenta, cria através do espírito metafísico aristotélico,
uma interpretação sedutora e estética de sistematização. Percebe-se nessa
proposição a sensação de entrar em contato com a verdade teológica em toda sua
extensão e profundidade. Novamente alegorizando, é como se, a visão dos discípulos
em relação ao Templo remetesse-nos a
essa ideia do sistema estético e todo seu conjunto de arquitetura anexa ao
processo da proposta teológica. “…seus discípulos aproximaram-se dele
para lhe mostrar as construções do templo…”
Na contemplação dessa catedral “teológica sistemática
manualista”, revela-se a força da “sedução estética” como poderoso e único sistema
de mecanismo interpretativo, entretanto ignorando o movimento histórico e suas
mudanças. Não há lugar para outros olhares e leituras.
Entretanto, nos dias de hoje, urge uma reinterpretação das Escrituras
à partir da dinâmica histórica e do movimento rápido das mudanças sociais que
acontecem nessa nossa era tecnológica. Novamente, no uso da alegoria, diria que
alinhar-se com “Boas Novas”, é posicionar-se como Jesus que, deixando a
catedral teológica tipificada pelo Templo, prossegue anunciando a Boa Nova na dinâmica do “Tempo” e não se
condiciona ao desvio de olhar imposto
pelos seus seguidores em relação à contemplação templária. Diria que a teologia
de Jesus caminha anunciando a multiforme da Graça na dinâmica da viagem histórica.
Jesus continua caminhando! …enquanto caminhava,…
Diria que somos contemporâneos de um tempo de mudanças
rápidas e quebras de paradigmas em escala meteórica, exigindo reavaliações em
nossa maneira de teologizar. A Teologia
Sistemática, por si mesma, nomenclaturalmente, engessa a dinâmica do processo
histórico. Hoje cabe muito mais uma “Teologia Lócus” que interpreta o momento histórico
e pontual, do que um sistema que é circunscrito
à uma interpretação teológica “manualísta
desistorizada” desde os tempos da patrística e sustentado
pelo fundamentalismo, principalmente, estadudinense!
BONANI
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