"OS PSEUDOS MESSIAS NACIONAIS. O VOTO OBRIGATÓRIO E A IMATURIDADE DEMOCRÁTICA BRASILEIRA!"
“Uma sociedade só é
democrática quando: ninguém for
tão rico que possa
comprar alguém; ninguém for tão pobre que
tenha de se vender a
alguém.”
Jean-Jacques Rosseau
A imaturidade democrática
brasileira
Concordo sinceramente, salvo
algumas exceções, que imaturidade democrática consiste de que; o eleitor brasileiro,
em sua maioria,ainda se encontra em estágio político inferior para o pleno
exercício da democracia, havendo necessidade “intencional “da tutela do Estado
para "ensiná-lo e orientá-lo a exercitar votos
obrigatório por conveniência do Estado"!
Sem absolutamente querer parecer
elitista, longe disso, pois essa "minha proposição" é prova cabal que nunca fui e
jamais terei a presunção de ser,entretanto, tenho plena consciência de que a maior
parte do eleitorado brasileiro é constituída de pessoas simples, nem sempre
letradas, e nem sempre sabias, para
avaliar as propostas dos partidos e de seus candidatos e isso por si próprias.
Afirmo isso dentro da esfera da
consciência política de um povo que ainda não está evoluído suficientemente e intelectualmente.
Manipulado intencionalmente pelos
poderes que exercem influência, como também os gigantescos lobbys dos bastidores
partidários que tanto delimitam a educação política plena do cidadão como também, mantém a maioria dentro de um padrão de
subdesenvolvimento econômico bem como de seus mútuos reflexos nos níveis
educacionais baixos. Esses elementos agregados, tornam o voto obrigatório um
terreno extremamente produtivo da perpetuação do poder e da alienação dos
governados!
De modo geral podemos apontar que
o regime autoritário tem preferência pelo voto obrigatório, porque assim o
controle do Estado sobre a sociedade é mais forte, pois há uma ilusão de
democracia.
Os argumentos que determinaram a
gênese da obrigatoriedade do voto datam à Assembleia Constituinte de 1932!
Não há hoje, nenhuma democracia
representativa relevante que adote a obrigatoriedade do voto.
Comparando-se com Portugal,onde atualmente
resido, ou, com os Estados Unidos da
América, em ambos regimes, as eleições mais disputadas em que mal se consegue
levar às urnas metade do eleitorado, não há uma dedução de falta de
participação popular, nem de comprometimento de credibilidade institucional e
muito menos identifica-se uma crise de representatividade.
Nos conceitos e ordenamentos mais
contemporâneos, o voto é entendido como faculdade da pessoa, uma
autodeterminação do próprio cidadão, fruto de sua liberdade de escolha e da sua
vontade. O ato volitivo para ser amplo e irrestrito, não pode ser obrigatório,
pois vontade é uma questão particular de consciência.
Voto é direito, tal como é o
direito ao protesto. É a expressão maior da liberdade, se quiser votar, votará.
Se quiser protestar, protestará ou protestará votando bem.
O que interessa efetivamente no
pleito eleitoral é a mobilização da opinião pública, e esta é a que exprime a
substância da atuação política do eleitorado.
Aquele que vota apenas para
evitar uma sanção não está imbuído de nenhum propósito específico quanto aos
negócios da polis, e não há lei que o faça se
interessar por um assunto o qual não lhe parece dizer respeito.
O voto compulsório não conduz a democracia,
visto que não corresponde a uma real intenção democrática por parte do Estado,
visto que muitos governos autoritários o mantêm como fonte de legitimação.
A faculdade de ir ou não às urnas
insere o cidadão no plano de livre escolha, tornando o sufrágio mais compatível
com os ideais democráticos; e por ser voluntário, constitui um passo à frente
na direção do aperfeiçoamento das nossas instituições democráticas.
Sendo o ato formal que assegura o
direito de escolha, é inegável sua importância operacional na prática dos ideais
democráticos, pois é por seu intermédio que o cidadão influi e participa da
vida política.
O fim desse modelo compulsório
significaria um avanço na emancipação do brasileiro em relação ao Estado, pois
ao longo de anos de políticas clientelistas e populistas, criou-se uma relação
de paternalismo messiânico,constituída na crença de que a mão boa do Estado guia quando é
necessário, e fornece o que é preciso. O resultado das urnas tem revelado uma
crescente falta interesse do eleitor em relação ao processo eleitoral, visto
que se tem um crescente número de abstenção e votos brancos e nulos.
Mostra-se assim que o voto
obrigatório em não tem nenhum compromisso com a realidade prática
representativa, no máximo força o eleitor a sair de casa e ir às urnas,
transformando-se num ato mecanizado e não consciente.
Em seu artigo “o voto
obrigatório” publicado na coletânea Cem Anos de Eleições Presidenciais, o
cientista político Marcus Faria Figueiredo, baseando-se em dados de pesquisas
realizadas pelo Instituto de Estudo Econômicos, Sociais e Políticos de São
Paulo – IDESP e por outros institutos, conclui que a participação do eleitor
varia em função da sua maior ou menor convicção de que, através de seu voto,
ele será capaz de influir na vida política nacional. A flutuação na taxa de abstenção,
está ligada ás condições em que ocorre a competição política e à crença na
efetividade do voto como mecanismo de mudança política.
Democracia na ponta do cabresto,
com reserva de mercado de eleitores, nada mais é que alicerce viciado e retrógrado
sobre o qual se fortalece a incompetência e a corrupção. É a terra fértil para
a indústria e o comércio eleitoral, para os currais eleitorais e de candidatos
movido à ganância.
Os que querem perpetuar o poder, sabem;
uma vez que o voto se torne livre e não obrigatório, as condições de um elevado
crescimento de consciência política serão processual e exponencialmente elevadas e sendo assim, a capacidade de manipulação do poder pelo poder(déspota) perderá
paulatinamente sua força, trazendo um novo paradigma politico nacional.
O poder obrigatório do voto cabresto sabe que enquanto se perpetuar, na mesma proporção se perpetuará a ignorância do povo e nascerá o perpétuo "Messias Nacional!"
Bonani
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