" JESUS.TEOCRACIA E A SOCIAL-DEMOCRACIA"
Na minha singela observação sobre questões politicas; na pauta do movimento chamado evangélico; percebo que a falta de uma leitura honesta, coerente e realista dos evangelhos à partir dos ensinos de Jesus é absurdamente enorme. Percebo acentuadamente que a interpretação das questões de aspeto político, principalmente à partir de uma ideia Teocrática, muito alimentada, principalmente pela ala mais conservadora, dá-se no contexto interpretativo do modelo de governo Vetero Testamentário. Interessante que esse tipo de governo, nem Deus conseguiu implementar. Aliás: A infidelidade a tal governo foi em extremo maior que a fidelidade. A própria historia dos cativeiros e subsequentes diásporas é o maior prova disso!
Em síntese; todo poder que se denomina Teocrático, configura em um sistema de governo em que líderes religiosos detêm poder político e afirmam agir em nome de Deus ou deuses.
Considerando em tese, que um sistema teocrático possa ser estabelecido, por exemplo, na substituição de um sistema democrático, ou qualquer outro sistema; consideremos alguns aspetos.
Vamos explorar os prós e contras desse sistema:
Prós:
Bússola moral clara: A teocracia oferece uma orientação ética baseada em princípios religiosos, promovendo valores tradicionais e unidade religiosa.
Estabilidade e valores tradicionais: A coesão religiosa pode proporcionar estabilidade e preservar valores culturais.
Agenda unificada: A teocracia promove uma agenda unificada, alinhando leis e princípios religiosos.
Base moral sólida: A orientação religiosa pode facilitar a tomada de decisões eficiente e contínua no governo.
Potencial para ajudar os necessitados: Se seguida estritamente, a teocracia poderia eliminar a fome, garantir acesso à saúde e oferecer apoio aos necessitados.
Contras:
Erosão das liberdades individuais: A teocracia pode restringir liberdades pessoais em nome da conformidade religiosa.
Doutrinas religiosas rígidas: A inflexibilidade pode sufocar a diversidade de pensamento e inovação.
Intolerância religiosa: A imposição de uma única fé pode levar à perseguição de outras crenças.
Supressão de opiniões alternativas: A teocracia pode silenciar vozes discordantes.
Possibilidade de opressão: O poder concentrado nas mãos de líderes religiosos pode ser usado para reprimir minorias ou dissidentes!
Analisado em síntese os pós e contras, vamos observar em que contexto Jesus se enquadraria numa Teocracia, ou mesmo, imporia uma teocracia!
A questão de em qual linha política Jesus se enquadraria é complexa e debatida. Suas ações e ensinamentos não podem ser facilmente categorizados como de esquerda ou direita, pois transcendem as divisões políticas contemporâneas. No entanto, aqui estão algumas perspetivas:
Justiça e compaixão: Jesus frequentemente defendia os pobres, marginalizados e oprimidos. Ele curava doentes, alimentava multidões famintas e desafiava as estruturas injustas. Essa ênfase na justiça social e compaixão pode ser vista como alinhada com valores de esquerda.
Respeito à autoridade e moralidade: Jesus também respeitava a autoridade, pagava impostos e enfatizava a moralidade. Esses aspetos podem ser associados a valores conservadores.
Vejamos: Jesus desafiou as normas sociais e religiosas de sua época, priorizando o amor, a justiça e a compaixão. Sua mensagem transcende qualquer rótulo político específico.
Também convêm observar que: Jesus viveu em um contexto muito diferente do nosso. Tentar enquadrá-lo em categorias políticas modernas pode ser simplista e inadequado.
Penso que não é possível ver, Jesus nos Evangelhos, invocando poderes teocráticos de ordem geopolítica como muitos do movimento evangélico conservador acreditam poder ser implementado em nosso tempo e contexto. Também não vejo Jesus radicalizando uma mensagem comunista nos moldes da doutrina marxista-lenista.
Qualquer leitor sincero e desprovido de qualquer interesse partidário interpretativo, ao ler os capítulos 5,6 e 7 do Evangelho de Mateus, concluirá em síntese que o governo que Jesus proclama não tem a geografia politica deste mundo, muito menos é uma tentativa de teocracia cristã, nem mesmo um retorno a tentativa de recriação do falhado governo teocrático que se observa no Antigo Testamento. Digo falhado, pois; se fosse realmente suficiente, estaria em pleno vigor nos tempos de Jesus e de sua comunidade de discípulos. Não é isso que encontramos nas narrativas tanto dos Evangelhos, como também, nos demais livros do Novo Testamento. "Respondeu Jesus: O meu reino não é deste mundo; se o meu reino fosse deste mundo, pelejariam os meus servos, para que eu não fosse entregue aos judeus; mas agora o meu reino não é daqui." João 18:36.
"Sendo Jesus interrogado pelos fariseus sobre quando viria o reino de Deus, respondeu-lhes: O reino de Deus não vem com aparência exterior; nem dirão: Ei-lo aqui! ou: Ei-lo ali! pois o reino de Deus está dentro de vós." Lucas 17:20-21
Na minha singela opinião, diria que: o sistema que mais se aproximaria, logicamente, numa comparação bem distante ainda dos verdadeiros valores dos ensinos de Jesus, contemplando os princípios cristãos, como também de outras confissões, e afins…; seria a social-democracia.
A social-democracia é uma ideologia política que apoia intervenções econômicas e sociais do Estado para promover justiça social dentro de um sistema capitalista. Ela envolve um compromisso com a democracia representativa, liberdades civis e direitos de propriedade. Além disso, os partidos sociais-democratas defendem o Estado de bem-estar social, sindicatos e regulação econômica, buscando uma distribuição de renda mais igualitária. Essa abordagem visa alcançar mudanças graduais por meio de reformas legislativas, em contraste com a revolução proposta pelo marxismo ortodoxo.
Não consigo conceber em nenhuma sociedade, um modelo teocrático, pela pura e simples razão de que, em tese, que os prós, dos valores conservadores dos bons costumes, etc., pudessem ser observados, os contras seriam muito mais sentidos e aplicados como forma de domínio. Erosão das liberdades individuais: A teocracia pode restringir liberdades pessoais em nome da conformidade religiosa. Doutrinas religiosas rígidas: A inflexibilidade pode sufocar a diversidade de pensamento e inovação. Intolerância religiosa: A imposição de uma única fé pode levar à perseguição de outras crenças. Supressão de opiniões alternativas: A teocracia pode silenciar vozes discordantes. Possibilidade de opressão: O poder concentrado nas mãos de líderes religiosos pode ser usado para reprimir minorias ou dissidentes!
"Então, Jesus disse à multidão e aos seus discípulos: "os mestres da lei e os fariseus se assentam na cadeira de Moisés. Obedeçam-lhes e façam tudo o que eles lhes dizem. Mas não façam o que eles fazem, pois não praticam o que pregam. Eles atam fardos pesados e os colocam sobre os ombros dos homens, mas eles mesmos não estão dispostos a levantar um só dedo para movê-los. "Tudo o que fazem é para serem vistos pelos homens. Eles fazem seus filactérios bem largos e as franjas de suas vestes bem longas; gostam do lugar de honra nos banquetes e dos assentos mais importantes nas sinagogas, de serem saudados nas praças e de serem chamados ‘rabis’."Mas vocês não devem ser chamados ‘rabis’; um só é o mestre de vocês, e todos vocês são irmãos. A ninguém na terra chamem ‘pai’, porque vocês só têm um Pai, aquele que está nos céus. Tampouco vocês devem ser chamados ‘chefes’, porquanto vocês têm um só Chefe, o Cristo. O maior entre vocês deverá ser servo. Pois todo aquele que a si mesmo se exaltar será humilhado, e todo aquele que a si mesmo se humilhar será exaltado." Mateus 23:1-12
Pelo Governo do amor de Cristo!
Bonani
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