RELIGIÕES DO LIVRO E A INCOERÊNCIA DA LITERALIDADE!"


Para que uma redação tenha coerência textual, o cumprimento de algumas regras são necessárias, como a coerência sintática, temática, semântica, pragmática, genérica e estilística. Vejamos: Coerência sintática: está relacionada com a estrutura linguística, como termo de ordem dos elementos, seleção lexical etc., e também à coesão. Quando empregada, eliminamos estruturas ambíguas, bem como o uso inadequado dos conectivos.Coerência semântica: Para que a coerência semântica esteja presente em um texto, é preciso, antes de tudo, que o texto não seja contraditório, mesmo porque a semântica está relacionada com as relações de sentido entre as estruturas. Para detectar uma incoerência, é preciso que se faça uma leitura cuidadosa, ancorada nos processos de analogia e inferência.Coerência temática: Todos os enunciados de um texto precisam ser coerentes e relevantes para o tema, com exceção das inserções explicativas. Os trechos irrelevantes devem ser evitados, impedindo assim o comprometimento da coerência temática.Coerência pragmática: Refere-se ao texto visto como uma sequência de atos de fala. Os textos, orais ou escritos, são exemplos dessas sequências, portanto, devem obedecer às condições para a sua realização. Se o locutor ordena algo a alguém, é contraditório que ele faça, ao mesmo tempo, um pedido. Quando fazemos uma pergunta para alguém, esperamos receber como resposta uma afirmação ou uma negação, jamais uma sequência de fala desconectada daquilo que foi indagado. Quando essas condições são ignoradas, temos como resultado a incoerência pragmática.Coerência estilística: Diz respeito ao emprego de uma variedade de língua adequada, que deve ser mantida do início ao fim de um texto para garantir a coerência estilística. A incoerência estilística não provoca prejuízos para a interpretabilidade de um texto, contudo, a mistura de registros — como o uso concomitante da linguagem coloquial e linguagem formal — deve ser evitada, principalmente nos textos não literários.Coerência genérica: Refere-se à escolha adequada do gênero textual, que deve estar de acordo com o conteúdo do enunciado. Em um anúncio de classificados, a prática social exige que ele tenha como objetivo ofertar algum serviço, bem como vender ou comprar algum produto, e que sua linguagem seja concisa e objetiva, pois essas são as características essenciais do gênero. Uma ruptura com esse padrão, entretanto, é comum nos textos literários, nos quais podemos encontrar um determinado gênero assumindo a forma de outro.É importante ressaltar que em alguns tipos de texto, especialmente nos textos literários, uma ruptura com os tipos de coerência descritos anteriormente pode acontecer. Nos demais textos, a coerência contribui para a construção de enunciados cuja significação seja aceitável, ajudando na compreensão do leitor ou do interlocutor. Todavia, a coerência depende de outros aspectos, como o conhecimento linguístico de quem acessa o conteúdo, a situacionalidade, a informatividade, a intertextualidade e a intencionalidade.
Tendo esses conceitos acima  bem definidos, podemos analisar Os Livros chamados Sagrados  obedecendo os critérios mínimos de sobriedade e bom senso!
Por exemplo:
O Alcorão é o livro sagrado dos Islâmicos. Para eles este livro contém as palavras de Deus vindo diretamente ao profeta Maomé, sendo assim, o livro sagrado do Islamismo seria a transcrição do que Deus disse, sua palavra direta a humanidade. 
Com Bíblia, não funciona assim.
Isso não é nenhum argumento liberal ou heresia, estamos falando sobre os fatos da nossa fé, a realidade do cristianismo e da própria coerência escriturística e harmoniosa da confecção conhecida como " Bíblia".
Diferentemente do Alcorão, a Bíblia Sagrada dos cristãos não foi ditada por Deus e transcrita por homens, muito pelo contrário, ela é uma construção de séculos e séculos. Por isso, vale uma nota importante: A Bíblia é a testemunha de fé, a nossa fé está no Cristo.

"Repetindo: "Testemunha!". 

Isso precisa ficar sempre claro em nossa fraca memória. Se não fosse assim, cairíamos em um radicalismo absurdo, além de negar os próprios escritos sagrados."

Abraão, por exemplo, é chamado de “pai da fé”, e não tinha um Livro, ele não está preocupado em escrever suas experiências, mas em viver sua fé no Deus único. Ele tinha fé no Deus que se revelou a ele, sem ter um livro que o instruísse.
O “pai da fé” não tinha fé em um livro, mas em um Deus. A Bíblia é testemunha(escrita) da fé de Abraão.
Moisés é aquele que fala face a face com o Senhor, ao retirar o povo do Egito. Faz toda a peregrinação sem ter um livro que o instruísse, mas toma todas as suas decisões baseado na sua fé e relacionamento com o seu Deus. A Bíblia testemunha(escreve) a experiência de Israel.
Jesus Cristo, embora conhecesse toda a lei, vem a terra e não registra nada por escrito. Ele poderia muito bem transcrever as palavras do Senhor em um livro e nos entregar para que cumpramos todos os rituais e regras, mas ele não faz isso, muito pelo contrário, ele vive, e sua vida é a revelação de Deus. Deus se revela de forma plena através de seu filho, uma pessoa. A Bíblia testemunha(escreve) do nosso salvador e nossa salvação.
Quando Satanás tenta o filho de Deus e diz “está escrito“(escrita). Jesus não age simplesmente porque “esta escrito”, mas age baseado na sua fé em Deus Pai (cf. Mt 4). Por conhecer o Pai Jesus sabia que o que está escrito tem contexto, momento, sentido,(regras da coerência escriturística). Isso não é fim mas meio, é testemunho. E curiosamente, Jesus ensina sobre um texto sagrado da mesma maneira que estamos explicando, ao ler uma passagem de Isaías ele diz: ...hoje se cumpriu isso ai, eu sou o cumprimento dessa passagem (cf. Lc 4). Ou seja, a fé de Israel deve se voltar para Jesus, não para um texto, pois o texto é testemunho, mas a revelação é o Cristo.
Quando os apóstolos citam os escritos antigos é justamente para falar de uma pessoa: Jesus. O “Antigo Testamento” é usado para testemunhar que aquele que deveria vir é Jesus Cristo, e veio. Por isso, a Igreja primitiva não tem bíblia, mas sim os ensinos de Jesus que posteriormente eram passados pelos apóstolos. Paulo não escreve suas cartas para transcrever palavras de Deus, mas para instruir igrejas e pessoas baseado na fé que ele tinha no Cristo. E hoje, todas essas cartas (que temos acesso), são testemunhas da fé e da Igreja do Senhor.
Para o conhecimento, no tempo de Jesus, não existia uma bíblia judaica. Os judeus só foram definir seus livros sagrados no início do século II. A Bíblia cristã, como temos hoje, foi formada somente por volta do ano de 1500. O cristianismo tem séculos e séculos de história, e essa história está baseada na fé em uma pessoa, Jesus Cristo.
A Bíblia é testemunha da fé que temos em Jesus, ela narra e nos ensina sobre Deus, mas não são palavras literais de Deus, mas sim uma testemunha fiel sobre a revelação de Deus.
O que precisa ficar claro em nossos dias, é que não se usa a Bíblia para explorar pessoas, para preconceitos, obrigações e acepções. A nossa fé não é em um livro, mas nossa fé é na pessoa de Jesus Cristo. O livro sagrado testemunha a história da revelação na pessoa de Cristo. A Bíblia é Sagrada e inspirada por apresentar Jesus, mas se ela for utilizada para outro motivo, é vã a nossa fé.
Nossa fé é no Cristo, o texto é testemunha desse Cristo. Por isso, cuidado ao interpretar as Escrituras, nossa fé é em uma pessoa real e viva, não pense que você pode mandar em pessoas ou definir regras com o argumento do “está escrito!”.

Bonani

Comentários

  1. Gostei bastante Sr, Bonani. Extremamente lúcido seu texto. Os cristãos da atualidade estão muito presos as normas e condutas da Bíblia. Infelizmente os líderes espirituais aqui do Brasil, são muito fracos teologicamente. Então, a Bíblia é uma espécie de horóscopo, que deve ser consultado todos os dias. Uma pena! Abraão, Moisés, os profetas não tiveram a Bíblia para tirar suas dúvidas e isso os fez se achegar mais próximo a Deus.. Será que não substituímos a experiência direta, pela mediação bíblica?

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