"UBIQUAR DA SOCIEDADE DESCARTÁVEL!"

                    

                    "Sociedade Descartável!" 

...“redefinir o sentido da modernidade, redefinir o significado de felicidade”,..."Arundhati Roy

Comprando com minha esposa alguns itens de uso diário para nossa casa, em uma grande superfície(Hiper Mercado), deparei com um informativo que propunha que tal empresa estava também trabalhando planos de saúde. Comentei com minha mulher que cada vez mais essas Megas Empresas estão engolindo todos os ramos de necessidade básica da sociedade e daqui mais algum tempo, seremos os frangos de granja condicionados a comer sem outra alternativa as rações diárias, impostas, goela abaixo!
Fico a pensar, aliás, como exponho  no comentário abaixo:


"Espera-se que todo o mundo deseje as mesmas coisas, vista as mesmas roupas, acredite na mesma propaganda, aspire aos mesmos ideais e comporte-se do mesmo modo. Cada país, cidade, vila e aldeia é vista como um mercado, cada pessoa como consumidor a ser completamente explorado, sugado e descartado.
Não temos clareza sobre quem e o que somos, de maneira que criamos imagens, agarrados a construções ideológicas que nos levam cada vez mais além da nossa verdadeira natureza. A imagem ideal do que significa ser humano, particularmente homem, tornou-se crescentemente estreita. Homens, especialmente com menos de 40 anos, precisam ser resolutos, fortes e ambiciosos. Qualquer crença filosófica ou religiosa, por exemplo, deveria ser pacificadora e restrita ao âmbito da decisão e postura pessoal, sem imposições. 

A competição e o conformismo infiltraram-se em todas as áreas da sociedade mundial, da educação à saúde. Tudo e todo o mundo é visto como commodity, a ser comprada pelo menor preço e vendida pelo maior. Lucro é o motivo esmagador que distorce a ação. Valores materialistas que promovem sucesso individual, ganância e egoísmo saturam o mundo, dividem e separam a humanidade, levando a tensões sociais, conflito e doença. Esses ideais, que não são valores no sentido real da palavra, moldaram o controverso cenário político-económico em que vivemos (levando multidões à falência e envenenando o planeta) e, simultaneamente, foram reforçados por ele.



De maneira geral, esse tornou-se o estereótipo do que é ser homem no século 21, e insiste-se na conformidade ao padrão – por meio da educação, da pressão dos colegas e dos media, da religião. 
Das mulheres, em particular jovens, é esperado que atendam a uma fórmula ideal semelhante, embora ligeiramente menos restritiva. Ambas são imagens extremamente limitantes, não saudáveis, e servem à homogeneidade de um sistema mundial, construído por e no interesse de multinacionais (que são donas de tudo), facilitado por governos corporativos (a que faltam princípios), que estão sugando a riqueza e a diversidade da vida. 




Juntamente com o sistema económico fundamentalista de mercado que tão ardentemente os promove, esses “valores” são os ingredientes básicos do cenário de fatores sociais que causam grande parte dos ‘problemas de saúde mental’, que levam os membros mais vulneráveis da nossa sociedade a cometer suicídio. Homens, mulheres e crianças que simplesmente não podem mais aguentar as “pressões da vida”, que sentem profundamente a dor individual e coletiva, têm disposição introspetiva e acham o mundo muito barulhento, os seus ‘valores’ muito toscos, as suas exigências de “força” e não fraqueza, “sucesso” e não fracasso, “confiança” e não dúvida, impossíveis de alcançar. E por que razão deveriam alcançá-los, por que essas ‘pressões da vida’ existem, afinal?


É tempo de construir um modelo inteiramente diferente, mais saudável, um novo modo de viver em que valores verdadeiros e perenes de virtude moldem os sistemas que governam as sociedades em que vivemos — e não as armas corporativas ideologicamente redutoras e corrosivas, de vida ubíqua e que estão a sugar a beleza, a diversidade e a alegria da vida. Valores de compaixão, altruísmo, cooperação, tolerância e compreensão; precisamos, como Arundhati Roy coloca, “redefinir o sentido da modernidade, redefinir o significado de felicidade”, pois trocamos felicidade por prazer, amor por desejo, unidade pela divisão, cooperação pela concorrência, e criamos uma sociedade dividida, onde o conflito domina internacional, regional, comunitária e individualmente.

Bonani

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