Derrota do Pensamento


 O 
processo de idiossubjetivação, reorganizou a personalidade do indivíduo, alterando sua relação com o conhecimento, com o tempo, com a identidade, com a cultura e com o projeto da modernidade. Vivemos um período histórico notável pela valorização social da ignorância. Obstáculo aos negócios e ao exercício do poder, o pensamento reflexivo é agora demonizado e a "simplificação do ato de pensar" passa a ser imperativa, funcional que é à reprodução ilimitada do modo de vida neoliberal. Se o ataque ao pensamento não é excepcional na história, é certo que sob a hegemonia neoliberal se acentua; a racionalidade passa a se identificar com a realização de cálculos que visam apenas o lucro e a obtenção de vantagens pessoais. Ideias fundadas na razão objetiva, como justiça, igualdade, democracia e felicidade, por exemplo, sucumbem diante do horizonte delimitado por quem detém o poder econômico e o egoísmo se torna vetor interpretativo e mandamento nuclear por excelência. Os efeitos desse processo são notáveis: "sentimento anti-intelectual, desprezo à educação, desorientação generalizada, simplificação da linguagem, perda de capacidade de imaginação, narcisismo, delírio"; em resumo, assistimos à derrota do pensamento. Reduzido a uma liberdade que se realiza unicamente no ato de consumir mercadorias, o sujeito neoliberal é livre para obedecer e, por consequência, para rejeitar tudo o que é comum.Portadores de uma lógica binária que não admite nuances, os afetos mobilizadores da idiossubjetivação neoliberal acabam por constituir a base ideológica tanto da paródia democrática, quanto do fascismo. Naturalizada a estupidez, o indivíduo idiossubjetivado, alheio a tudo o que é comum e coletivo, valida diferentes formas de violência necessárias à acumulação do capital. Não sabe, mas faz.

Extraído do comentário do livro Construção do Idiota de Rubens Casara

Subscrito, 

Bonani 

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