O Conhecimento, a Servidão e o Fogo da Liberdade




É surpreendente, como dizia La Boétie,

ver os homens tão corajosos em batalhas,

e, no entanto, tão dispostos a curvar-se diante do poder.

A servidão, dizia ele, não é apenas imposta — é voluntária.

Os grilhões muitas vezes estão no hábito, no medo, na crença de que alguém deve mandar.


Mas o homem que conhece torna-se inadequado para ser escravo.

O olhar que aprendeu a ver o invisível já não aceita as sombras como morada.

O conhecimento é o primeiro rompimento:

não destrói correntes de ferro, mas as invisíveis — as do espírito.


Quando a consciência floresce, a obediência cega murcha.

O servo se percebe homem, o súdito se descobre livre,

e o medo se dissolve no calor da lucidez.

Nenhum poder sobrevive onde há clareza,

porque o que sabe, questiona — e o que questiona, transforma.


Assim sendo, o conhecimento liberta,

mas não apenas por ensinar,

e sim por revelar o poder que sempre habitou o homem.

A servidão voluntária só existe enquanto o homem ignora

a sua própria força.


Nietzsche, séculos depois, ecoa esse chamado:

não basta saber, é preciso apropriar-se de suas forças internas.

A verdadeira liberdade nasce quando o homem se reconhece como criador,

quando abandona a culpa herdada e transforma a dor em potência.


“Torna-te quem tu és.”


Aquele que ousa olhar para dentro encontra o fogo que o mundo não apaga.

Já não busca mestres, porque aprendeu a ser o seu próprio.

A liberdade deixa de ser um sonho político e se torna um estado de espírito.


E então, o homem livre caminha —

não mais sob o peso das correntes,

mas guiado pela chama de sua consciência.

Pois o conhecimento o despertou,

e o fogo interior o libertou.


Subscrito 

Bonani

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