O Farisaímo está de Volta



 Dias de muitas vozes, opiniões, e pouca compaixão. Tempo de polarização ideológica e discursos radicais. Como encontrar Jesus hoje? Qual o verdadeiro caminho da fé cristã? Como evitar a religiosidade cega? Como entender a graça?


Observemos a conversão de Saulo, "fariseu dos fariseus", comprometido com a lei mosaica, tradições rabínicas e a pureza segundo o judaísmo. Sua religiosidade era rigorosa e sincera. Ele conhecia o texto sagrado, as promessas messiânicas e esperava o Reino de Deus. Mas estava cego e não reconheceu o Filho de Deus. Decidiu perseguir os que proclamavam o ressuscitado. Para ele, Jesus era um blasfemo que não guardava o sábado, herege que perdoava pecados como se fosse Deus


Até que Jesus lhe apareceu no caminho de Damasco. Envolvido pela luz ofuscante, ouviu: “Saulo, Saulo, por que me persegues?”. O homem das letras, o defensor da ortodoxia, caiu por terra. Pensava defender a verdade. Descobriu que lutava contra Deus. 


Conversão radical: o perseguidor seria perseguido; o justiceiro da lei em servo da graça. A teologia de Paulo renasceu nessa experiência. A letra da lei condenou todos a morte. A vida do Espírito é dom gracioso de Deus. A salvação não vem das obras da lei ou da tradição religiosa. Ela vem pela graça — mediante a fé — é dom de Deus. 


A religião que não conduz à misericórdia, à justiça e ao amor é cegueira disfarçada de santidade. Jesus, já denunciara o farisaísmo: “vocês dão dízimo da hortelã, do endro e do cominho, mas negligenciam o mais importante: a justiça, a misericórdia e a fé.”


Hoje vemos crescente onda de conservadorismo religioso. O movimento se apresenta em defesa da “família tradicional”, da “ordem moral” e dos “valores cristãos”. Vejo o risco de transformar o evangelho em ideologia, a fé em moralismo, e o púlpito em tribunal. Há o perigo real de usar as cartas de Paulo — o convertido — para elaborar um cristianismo farisaico que ele combateria. Paulo pregava para libertar da religiosidade vazia, não para aprisionar de novo a mente.


A realidade social brasileira, com famílias desestruturadas, violência de gênero, desigualdade econômica e crise ambiental, exige uma igreja que seja sal e luz.

Pr. José Carlos

Subscrito 

Bonani

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