Salmos 118:24 e "O Eterno Agora"
Este é o dia que fez o Senhor; regozijemo-nos, e alegremo-nos nele. Salmos 118:24
E daí se o amanhã me reservará a dor ou, quem sabe, o êxtase da felicidade? Se serei açoitado pelo infortúnio ou abraçado pelo triunfo, nada disso me concerne, pois o futuro, esse território abstrato e volátil, não me pertence. Nem mesmo sei se a própria existência suportará minha presença até o instante seguinte—o amanhã é um horizonte demasiado longínquo para que eu o mire com devoção.
Prefiro consumir-me no que vejo, no que meu pensamento pesa e desenha sobre o mundo. Dilapidar a alma no passado morto é tão vão quanto hipotecá-la a um futuro incerto, cuja substância é feita da poeira dos devaneios humanos. O tempo, esse artífice impassível, não se detém em lamentos nem se compadece de esperanças vãs. O instante que pulsa é vasto o suficiente para que nele eu me perca e me reencontre.
Não me deixo seduzir pelo desejo vão de sondar o que resta do homem quando a linguagem se exaure, nem desperdiço a preciosidade dos meus dias erguendo trincheiras contra aquilo que me é irrelevante. Aos despropósitos e futilidades da vida ofereço apenas as migalhas do sarcasmo e a ironia afiada de quem não se curva ao banal.
Sou estrangeiro das certezas e cúmplice do acaso. Vivo-me a cada desconcerto, a cada surpresa, a cada nova revelação do mundo. E em cada um desses instantes, sem reservas, sem pactos com o que se dissolve ou com o que ainda não nasceu, encontro-me sempre no hoje de mim.
Oliver Harden
Subscrito
Bonani
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