O Diabo e o Cavalo
Havia dois vizinhos que, apesar de viverem perto, estavam afastados pelo veneno das ofensas não ditas. Entre eles, havia sempre um silêncio carregado de rancor, mas não um rancor explícito. O diabo, observando tudo de longe, sabia que o que parecia ser paz era apenas uma camada fina sobre um terreno inflamável.
Um dia, o cavalo de um dos vizinhos se soltou. O diabo, com sua astúcia, apenas desfez o nó que o prendia. Não fez mais do que isso. O cavalo correu em direção à plantação do outro homem, destruiu suas colheitas e causou grande prejuízo. O fazendeiro, tomado pela raiva, não pensou duas vezes: matou o cavalo.
O dono do cavalo, ao descobrir a morte de seu animal, sentiu-se indignado e, em um ato de vingança, matou o fazendeiro. A mulher do fazendeiro, ao saber da morte de seu marido, consumida pela dor, matou o dono do cavalo. E o filho do dono do cavalo, tomado pelo ódio, matou a mulher do fazendeiro.
A tragédia, que começou com a simples ação do diabo de soltar o cavalo, se espalhou como um fogo, consumindo todos ao redor. Quando perguntaram ao diabo por que ele havia feito tudo isso, ele respondeu calmamente:
— Eu apenas soltei o cavalo. O que aconteceu depois foi escolha de cada um de vocês.
Moral:
O mal não entra de forma grandiosa, mas se infiltra nas pequenas brechas de nossos corações. O diabo não precisa agir diretamente; basta ele liberar uma pequena centelha, e somos nós que decidimos como reagir. Como o cavalo solto, as nossas reações podem desencadear consequências imensuráveis. Por isso, é na sabedoria das escolhas que devemos estar atentos, para não alimentarmos a destruição que já reside em nossos corações.
Subscrito
Bonani

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