Riqueza das Nações com o Preço da Escravatura



Minha reflexão de hoje e que me ocupa o pensamento desde manhã é sobre As Riquezas das Nações. Por exemplo: Na nota de 1 Dólar Americano há a seguinte epígrafe:, "In God We Trust". É o lema nacional dos Estados Unidos. Há outros países também que se servem da invocação divina como lema de paz, justiça e igualdade.

Países que citam Deus em suas Constituições

PaísAno da ConstituiçãoTexto/Referência a Deus
Brasil1988“Sob a proteção de Deus”
Alemanha1949“Consciente de sua responsabilidade diante de Deus e dos homens”
Suíça1999“Em nome de Deus Todo-Poderoso”
Irlanda1937“Em nome da Santíssima Trindade, da qual toda autoridade deriva”
Grécia1975 (rev.)“Em nome da Santíssima e Consubstancial e Indivisível Trindade”
Polônia1997Reconhece “aqueles que acreditam em Deus como fonte de verdade, justiça, bem e beleza”
Estados Unidos1776 (Declaração de Independência)“Dotados pelo Criador de certos direitos inalienáveis”
Argentina1853“Invocando a proteção de Deus, fonte de toda razão e justiça”
Paraguai1992“Invocando a proteção de Deus, fonte de toda razão e justiça”
Peru1993“Invocando a proteção de Deus Todo-Poderoso”
Espanha (Constituição de Cádiz, 1812 – histórica)“Em nome de Deus Todo-Poderoso, Pai, Filho e Espírito Santo”
Chile1980“Invocando a proteção de Deus Todo-Poderoso”
Equador2008“Invocando o nome de Deus”

Minha questão se resume nisso: No que se refere as fontes de riqueza de tais Nações:
- São elas dignas ou indignas?
-São fruto de verdeiro espirito de igualdade, fraternidade e liberdade?
- São afirmações verdadeira ou falsas?

Afirmo absolutamente: são apenas declarações de um falso triunfalismo!

Vejamos quais razões:


Riqueza das Nações com o Preço da Escravatura

Este ensaio discute a obra A Riqueza das Nações (1776), de Adam Smith, em diálogo com o sistema escravocrata que sustentou a economia atlântica nos séculos XVII e XVIII. O objetivo é evidenciar o paradoxo entre os princípios de liberdade econômica defendidos por Smith e a realidade histórica da escravatura, que foi fundamental para a acumulação de capital das potências europeias.


A publicação de A Riqueza das Nações, em 1776, marcou um divisor de águas na história do pensamento econômico. Adam Smith, considerado o “pai da economia moderna”, sistematizou conceitos como a divisão do trabalho, a mão invisível do mercado e a defesa do trabalho livre como mais produtivo do que o trabalho forçado. Contudo, ao mesmo tempo em que Smith escrevia, a escravatura era a base da economia colonial, especialmente nas Américas, revelando uma contradição entre teoria e prática.


O pensamento de Adam Smith sobre a escravatura

Smith não ignorou a escravatura em sua obra. Ele argumentava que o trabalho escravo era menos eficiente do que o trabalho livre, pois o escravizado não tinha incentivo para aumentar a produtividade. Em suas palavras, “o trabalho realizado por homens livres é em geral mais barato do que o realizado por escravos” (Smith, 1776). Essa crítica se alinhava ao espírito iluminista, que começava a questionar a legitimidade moral e econômica da escravidão.


A escravatura como motor da riqueza europeia

Apesar das críticas teóricas, a escravatura foi fundamental para a acumulação de capital que permitiu o florescimento da Revolução Industrial. Produtos como açúcar, algodão e tabaco, cultivados em plantações escravistas, abasteciam os mercados europeus e geravam lucros extraordinários. Bancos, companhias de navegação e seguradoras prosperaram financiando e protegendo o tráfico negreiro. Assim, a “riqueza das nações” europeias foi construída sobre o preço humano da escravatura.


O paradoxo histórico

O paradoxo é evidente: enquanto Smith defendia a liberdade como princípio econômico, a prática colonial se sustentava na negação da liberdade. A escravatura não apenas gerou riqueza imediata, mas também moldou estruturas de desigualdade global que persistem até hoje. Como observa Rocha (1993), a análise de Smith sobre o trabalho escravo revela uma tensão entre teoria econômica e realidade histórica.

A história da economia mundial não pode ser contada sem reconhecer o papel brutal e contraditório da escravatura. Enquanto Adam Smith, em A Riqueza das Nações (1776), defendia princípios de liberdade econômica, divisão do trabalho e livre mercado como motores da prosperidade, a realidade prática de muitas nações era sustentada por um sistema que negava a liberdade mais básica: a de ser humano.


 O paradoxo da riqueza

As colônias europeias nas Américas prosperaram graças ao trabalho forçado de milhões de africanos escravizados.

Açúcar, algodão, tabaco e café — produtos centrais para o comércio internacional — eram cultivados em plantações que dependiam da exploração humana.

A riqueza acumulada por países como Inglaterra, França, Portugal e Espanha foi construída sobre o sofrimento de populações inteiras.


O preço humano

A escravatura não foi apenas um sistema econômico, mas uma máquina de desumanização.

Milhões de vidas foram arrancadas de suas terras, culturas e famílias.

O “preço” da riqueza das nações foi pago em sangue, dor e gerações de desigualdade que ainda ecoam no presente.


O legado econômico

O capital inicial que impulsionou a Revolução Industrial na Europa teve raízes no comércio de escravos e nos lucros das plantações.

Bancos, companhias de navegação e seguradoras cresceram financiando e protegendo esse comércio.

A escravatura moldou desigualdades globais: enquanto algumas nações enriqueceram, outras foram sistematicamente empobrecidas.


 Reflexão contemporânea

Hoje, ao pensar em “riqueza das nações”, é impossível ignorar que parte dessa prosperidade foi construída sobre um crime contra a humanidade. Reconhecer esse passado é essencial para compreender as desigualdades atuais e para construir um futuro mais justo, onde a riqueza não dependa da exploração, mas da dignidade e da cooperação entre povos.


Conclusão:

Este ensaio discutiu a obra A Riqueza das Nações (1776), de Adam Smith, em diálogo com o sistema escravocrata que sustentou a economia atlântica nos séculos XVII e XVIII. O objetivo é evidenciar o paradoxo entre os princípios de liberdade econômica defendidos por Smith e a realidade histórica da escravatura, que foi fundamental para a acumulação de capital das potências europeias.

O estudo da escravatura em relação à obra de Adam Smith mostra que a economia clássica nasceu em meio a contradições profundas. A Riqueza das Nações ofereceu fundamentos para o capitalismo moderno, mas este sistema foi inicialmente alimentado por práticas que negavam a dignidade humana. Reconhecer esse passado é essencial para compreender as desigualdades contemporâneas e para pensar em modelos de desenvolvimento que conciliem prosperidade com justiça social.

Fontes utilizadas:

Rocha, Antonio Penalves. A Escravidão em “A Riqueza das Nações” de Adam Smith. CLIO: Revista de Pesquisa Histórica.

A Riqueza das Nações – Wikipédia.

Lago, Rafaela Domingos. O Antiescravismo da Ilustração em Adam Smith


Bonani

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