Vir a ser. Estar. Lançar-se. Existir.

 


Pensar a vida é pensar o existir — não apenas como biologia, mas como presença no mundo. É pensar a relação com o mundo, o significado de estar aqui, o para quê e o para onde. Essas são as mesmas perguntas que a humanidade sempre carregou, desde o primeiro olhar para o céu.


Vir a ser. Estar. Lançar-se. Existir.

E nesse intervalo entre o nascer e o morrer, inventamos cultura — essa teia simbólica criada para dar sentido ao que não tem explicação. Porque o sentido não é dado, é criado. Criamos mitos, rituais, narrativas, e nelas depositamos nossos medos e esperanças. Cantamos e dançamos para afastar o medo. Reunimo-nos em torno do fogo para partilhar histórias que nos façam suportar o mistério.


Não sabemos de onde viemos, por quê, nem para onde vamos. Sabemos quase tudo sobre tudo — e nada sobre o essencial. Então cobrimos o vazio com informações, saberes, teorias, religiões, ciências. Enchemos a vida de palavras para não escutar o silêncio.


Inventamos histórias para acreditar nelas: mitos, deuses, leis, virtudes e vícios. A civilização, afinal, talvez seja apenas uma ficção — e hoje, uma ficção científica. Passamos a acreditar nos símbolos como se fossem reais, a competir e a matar em nome deles. Nosso mundo é sustentado por crenças travestidas de verdades. Dinheiro, poder, sucesso, felicidade: tudo é linguagem, tudo é fé.


A felicidade, por exemplo, é uma bela história — gosto de acreditar nela. Mas viver nela é insustentável. Talvez só seja possível viver filosoficamente a felicidade, e não ingenuamente. Porque se a vida é o que é, e o niilismo nos ameaça com o vazio, Nietzsche tinha razão: é preciso transvalorar.


Ele já havia anunciado o “último homem” — esse que somos nós: confortáveis, cínicos, cheios de saber e vazios de sentido. Falou da crise e da aridez de nosso tempo, e sonhou com um além-do-homem, um ser que criasse novos valores, novos mundos, novas potências, capaz de amar. 


Ainda não chegamos lá. Mas talvez pensar — pensar a vida, e não apenas vivê-la — seja o primeiro passo dessa travessia.

Subscrito 

Bonani 

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