Phil Collins — O Acidental Gigante da Música




Aos 19 anos, ele entrou no Genesis como baterista.

Cinco anos depois, o vocalista saiu da banda.

Eles testaram 400 substitutos.

Então perceberam que a voz que procuravam estava ali o tempo inteiro — sentada atrás da bateria.


O mundo nunca mais seria o mesmo.


O Pequeno Kit de Bateria


Chiswick, Londres.

Natal de 1956.


O pequeno Philip David Charles Collins, de cinco anos, desembrulhou um brinquedo que mudaria a história da música: um kit de bateria de brinquedo.


Qualquer outra criança teria brincado por uma semana e esquecido.

Phil não.

Ele tocou junto com todas as músicas do rádio. Obsessivamente. Incansavelmente.


Aos seis, ganhou um kit de verdade feito pelo tio.

Aos dez, uma bateria completa.


A mãe, June — agente teatral — tinha outros planos. Aos 13 anos, Phil interpretou o Artful Dodger no musical Oliver! no West End. Era brilhante. Natural. Carismático. Até apareceu como figurante em A Hard Day’s Night, dos Beatles.


A mãe pensou: “Ele será ator.”

O pai pensou: “Ele precisa de um emprego seguro.”

Phil pensou: “Eu só quero tocar bateria.”

A Audição


Verão de 1970.


Um anúncio no Melody Maker:

“Baterista sensível à música acústica procurado para o Genesis.”


Phil, frustrado após o fim da banda anterior, decidiu tentar.


A audição era na casa dos pais de Peter Gabriel — uma mansão com piscina.

Enquanto esperava sua vez, Collins nadou. E, boiando na água, ouviu a banda tocar com outros bateristas.


Quando chegou o momento dele, já sabia os arranjos de cor.

Entrou. Tocou. Convenceu.


Em 4 de agosto de 1970, tornou-se o novo baterista do Genesis.


Ele percebeu logo que era diferente.

Um garoto de classe trabalhadora entre músicos educados em colégios de elite.

Eles falavam diferente. Agiam diferente.


Mas o que faziam juntos era extraordinário.


Apenas o Baterista


De 1970 a 1975, Collins foi “apenas” o baterista.


Exceto que ele era brilhante. Técnico. Criativo. Preciso.


Neil Peart o chamou de “um baterista belíssimo”.

Taylor Hawkins disse: “Collins é um mestre.”


Ele fazia backing vocals, mas Peter Gabriel era a voz, a persona, o centro gravitacional da banda.


Até que, em 1974, Gabriel anunciou: estou saindo.


A Busca


Pânico.

Sem Gabriel, talvez o Genesis acabasse.


Começaram as audições.

Quatrocentos candidatos.


Alguns tinham técnica, mas não presença.

Alguns tinham presença, mas não o alcance necessário.


Meses se passaram. A banda estava perto do fim.


Então alguém sugeriu:

“E o Phil?”


Collins hesitou.

“Eu sou baterista. É isso que eu faço.”


Mas tentaram mesmo assim.


A Transformação


1976. 


Genesis lança A Trick of the Tail, o primeiro álbum com Collins como vocalista.


O disco foi um sucesso.

E algo surpreendente aconteceu: Phil era bom. Muito bom.


Onde Gabriel era teatral, Collins era emocional.

Onde Gabriel criava personagens, Collins oferecia vulnerabilidade.


Era outra energia — e funcionava.


O Astro Solo


Em 1981, devastado por um divórcio, Collins gravou Face Value.


Dela saiu In the Air Tonight… com o mais icônico drum fill da história.

Quando chega aos 3:40, o mundo para.


O álbum foi #1 no Reino Unido e vendeu milhões nos EUA.


De repente, Phil Collins não era apenas o baterista que virou vocalista.

Ele era um fenômeno.


Nos anos 80, dominou o pop.

Against All Odds.

Sussudio.

Another Day in Paradise.


Entre 1982 e 1990, teve mais singles no Top 40 americano que qualquer outro artista.


Ganhou Grammys, Brits, um Oscar.

Entrou para um grupo minúsculo: junto de Paul McCartney e Michael Jackson, vendeu mais de 100 milhões de discos solo e mais de 100 milhões com banda.


13 de Julho de 1985


Phil fez o impossível:

Tocou no Live Aid em Londres.

Pegou o Concorde.

E tocou no Live Aid na Filadélfia no mesmo dia.


Ninguém mais fez isso.


O Astro Relutante


Apesar de tudo, Collins nunca se sentiu confortável com a fama.


“Eu nunca quis ser cantor. Só queria tocar bateria.”


Mesmo assim, tornou-se uma das vozes mais marcantes dos anos 80.


O Corpo Cobra o Preço


Décadas de bateria destruíram suas mãos e coluna.

Em 2011, anunciou aposentadoria.


Mas a música o puxou de volta.

Em 2017, voltou com a turnê Not Dead Yet.

Foram 97 shows.


Ele já não podia tocar — seu filho Nic assumiu as baquetas — mas Phil ainda podia cantar.


Em 2021, o Genesis fez sua última turnê.

Phil cantou sentado, frágil, mas poderoso.


Um adeus digno de uma lenda.


O Legado


Phil Collins nunca planejou ser estrela.

Era apenas o garoto que ganhou uma bateria de brinquedo no Natal.


O adolescente que respondeu a um anúncio de jornal.

O baterista que salvou a banda quando ninguém mais pôde.

O cantor que não queria ser cantor — e se tornou um gigante.


Seu som moldou gerações.

Suas músicas definiram uma década.

Sua voz acompanhou milhões de vidas.


Tudo começou com um kit infantil e um menino que simplesmente não conseguia parar de tocar.


Às vezes, quem muda o mundo é quem nunca teve essa intenção.

Às vezes, os maiores ícones são aqueles que jamais quiseram brilhar.


Phil Collins.

Baterista. Cantor. Ícone acidental.

A prova viva de que, às vezes, a pessoa que você procura estava ali o tempo todo — sentada atrás da bateria, esperando ser ouvida.

Bonani 

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

"IGREJA.PALMEIRA E O EXEMPLO DE DÉBORA!"

δύναμις e ἐξουσία em Atos 1:8 (leia para entender)

AMIZADE: “PURÁ É A PURA!”