O AREOPAGITA. "SOU UMA NEBLINA!"
"SOU UMA NEBLINA!"
...Vocês não sabem como será a sua vida amanhã, pois vocês são como uma neblina passageira, que aparece por algum tempo e logo depois desaparece...Tiago 4:14
Segue abaixo um diálogo como exemplo de como tenho ocupado a minha idéia sobre a vida, dádiva divina e seus mistérios maravilhosos!
(...) há dois anos estava a ler um livro de física que me explicou uma das coisas mais misteriosas que a ciência produziu, que é a experiência da dupla fenda. Essa experiência demonstra que existe um nível de sub-realidade, chamemos-lhe assim, em que as coisas não são reais, são virtuais. É um nível a que Einstein chamou "o campo fantasmagórico".
É a célebre experiência em que quando os cientistas observam de uma determinada forma os electrões se comportam como partículas e analisados de outra forma se comportam como ondas...
Não é como se comportam, é como são: quando uma partícula é observada comporta-se como tal, quando não é observada é uma onda fantasmagórica. É uma onda que não tem existência real: não tem energia, não tem forma, é uma onda abstracta de potencialidades, como disse Max Born, que recebeu o Prémio Nobel da Física. Heisenberg dizia que se estava a um nível que estava em potência.
(...) A questão é tão intrigante que Einstein confessou que passou mais tempo da sua vida intelectual a estudar as consequências da experiência de dupla fenda que a teoria da relatividade, que o tornou famoso. Comecei a escrever o livro quando me apercebi desta experiência e de todas as suas consequências, nomeadamente o papel que dá à consciência: a experiência indicia que é a consciência que cria a realidade. As coisas não existem quando não são observadas e quando deixam de ser observadas voltam a não ter realidade física, regressam ao seu campo fantasmagórico. E portanto o papel da consciência é muito mais importante. Quando li sobre esta experiência descobri o elemento que me faltava para responder à questão do que acontece quando morrermos.
Quais os cuidados que teve? Consultou cientistas?
Estudei física quântica e depois comecei a falar com cientistas. Leram o meu material e depois fizeram uma série de observações. Trabalhei sobre essas observações. Umas vezes melhorei o texto, outras em que eles estavam em desacordo comigo eu insistia, "está aqui uma passagem que confirma o que eu digo", e mantive o texto. É preciso sublinhar que alguma dessa matéria é muito polémica entre os físicos.
(...)Esta questão é obviamente um dos problemas que resultam da física quântica. Isso significaria que havia uma fronteira entre macrocosmos e microcosmos, mas qual é essa fronteira? Quando se começa a analisar não se encontra fronteira nenhuma. A experiência já foi feita com um fotão e um electrão, mas já a conseguiram fazer com moléculas visíveis a olho nu, com o tamanho de um cabelo. Se calhar não há essa fronteira. Há tentativas de explicar as consequências. No final do meu livro é abordada essa questão. Uso a teoria que está a ser desenvolvida, a chamada teoria da decoerência, mas ela própria envolve problemas de coerência. Essa teoria implica, como defende o seu autor, Hans Dieter Zeh, que a realidade é um fantasma mas que quando é observada se torna real e permanece sempre real. Mas não é isso o que a experiência da dupla fenda nos diz: o electrão sai do projector como partícula, chega à parede também como partícula, mas ao passar pela dupla fenda regride para onda. A teoria da de coerência parte do pressuposto de que o processo é irreversível, o que não é confirmado pela experiência da dupla fenda.
(...)Um dos aspectos mais estranhos da física quântica é a chamada interpretação de Copenhaga e a ideia de que o futuro pode alterar o passado. Que quando ligamos os detectores na dupla fenda, mesmo que seja depois de a partícula passar, ela se comporta como se fosse uma onda.
É a experiência da escolha retardada de John Archibald Wheeler, que foi replicada na Universidade de Maryland e depois confirmada na Universidade de Munique.
Mas isso significa que não há diferença entre o futuro e o passado?
Exactamente, uma pessoa para perceber isso tem de ler o livro, ou uma obra que explique isto com princípio, meio e fim. Parece de loucos. O que a física está a concluir através da experiência da escolha retardada é que se eu olhar para uma estrela à distância de 8 mil anos-luz, quando eu olho para ela a luz vem como partícula. Isso significa que a estrela sabia que eu iria olhar para ela esta noite, mas também significa que a própria estrela se tornou real no momento em que eu olhei para ela e todo o seu passado se reconstituiu (como diz Wheeler, "nenhum fenómeno é real antes de ser observado). Isto demonstra que a consciência tem um papel muito poderoso na criação da realidade, incluindo na criação do tempo. E isso tem consequências quando nós começamos a analisar o que acontece quando morremos. O que é a alma? É a consciência, e esta não é um mero produto de um processo complexo da evolução. A consciência está na base da realidade, ela não é só o fim é também o princípio. E essa noção é muito perturbadora e muito estranha, mas também indicia que a consciência sobrevive à morte, porque ela própria criou a realidade.
E sobrevive à morte porque se mantém na realidade criada?
Sobrevive à morte porque está na origem de tudo.
Mas é individual ou total?
Eu sei que existo, no fundo é a interrogação de Descartes. Posso duvidar de tudo, até dos meus sentidos, mas sei que estou a pensar. Se o faço é porque existo. Esta certeza é inabalável. Já o facto de que o outro existe pode ser uma teoria minha. Chama-se a isso solipsismo, é uma corrente da física que diz que a única coisa de que temos a certeza é que existimos. Tudo o resto são teorias que nós construímos. Quando estou a sonhar acredito que o meu sonho é real, mas quando acordo apercebo-me de que era uma ilusão. Estar aqui à conversa consigo, segundo esta corrente do solipsismo, pode ser que seja uma alucinação e um dia eu venha a descobrir que sou uma borboleta que sonhou que era um homem e que um dia deu uma entrevista ao jornal i.
Acho que a morte não é aquilo que nós pensamos, da mesma maneira que a consciência não é aquilo que achamos.
BONANI
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