EU QUERO UMA ESCADA QUE ME LEVE



 Desconfio de mim mesmo quando os meus pés querem as estrelas.

Os pés precisam de chão, mas os meus insistem em voar.

Já tentei adverti-los de sua missão com as estradas daqui.

Entretanto, eles teimam em tomar os destinos de minha cabeça sonhadora.

Por onde andará esta que andava nas estrelas quando os pés pisavam o chão?

Ando me indagando, por que os pés querem asas se só precisam de escadas?

É que não há escadas para as estrelas quando se deseja amar além do universo.

Às vezes o universo parece não nos caber, tornamo-nos grandes demais para o mundo.

Amar é isso, esse agigantar de espírito e de alma reduzido a um corpo, ao tempo e ao mundo possível.

Amar é belo quando o amor é anelo das coisas impossíveis no mundo das coisas possíveis.

Os jardins do amor são jardins suspensos. Paraísos onde o corpo não alcança a alma que sonha.

Acho que os pés precisam de asas porque o corpo deseja acompanhar e alcançar a alma em seus voos.

Invenção de Hermes, um deus grego sonhador e criador de jardins nas nuvens.

Hermes inaugura os pés alados, mas em mim eles culminam.

Quero que o meu corpo siga por escadas floridas quando minha alma chegar primeiro em qualquer lugar.

O meu corpo não teme chegar atrasado, desde que chegue pleno.

É que a alma sempre se antecipa, chega primeiro, em qualquer lugar que o desejo lance suas cordas.

A alma é mais leve porque pássaro de fogo.

O corpo é massa, mas voa quando se sabe alado, ao lado dos sonhos.

Quero percorrer caminhos inéditos para os meus olhos.

A pétala de uma flor, a asa de um albatroz e lâmina de uma palavra cortante como a luz.

Eu quero adejar numa pluma, correr com a brisa da tarde que leva a pragana.

Eu quero viver o inusitado amor e alado sair por ai sendo o suave perfume da ternura.

Sim, meus pés precisam apenas de escadas, pois sem pressa, desejam andar por todos os lugares que a minha alma já percorreu sonhando.

Quero adejar suavemente sobre cada instante, nos lugares onde apenas um segundo, signifique para mim, lampejos de uma eternidade.

 Poema do meu amigo Robério Jesus

BONANI

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