"Eclesiastes 3:15 e A questão do Tempo"

 

O que é, já foi; e o que há de ser, também já foi; e Deus pede conta do que passou. Eclesiastes 3:15


O Retorno do Tempo


O tempo, esse artífice silencioso da existência, não segue um curso linear como tantos imaginam. Ele é antes um círculo, um espelho, um rio que dobra sobre si mesmo e nos devolve, em novas formas, os rostos e as sombras que julgávamos perdidos. O passado, longe de ser uma terra distante e inatingível, reaparece sem anúncio, vestindo disfarces distintos: ora nostalgia doce e melancólica, ora espectro inquietante, ora promessa inquieta de algo que não concluímos.


Quantas vezes não encontramos no presente os ecos de antigas palavras, as sombras de gestos esquecidos, as reminiscências de um tempo que acreditávamos encerrado? O passado é um espectador que nunca abandona a cena – ele se oculta nas entrelinhas dos dias, nos sussurros de uma lembrança repentina, nas esquinas de uma cidade já percorrida.


Por vezes, ele vem como saudade, trazendo consigo a delicadeza do que já foi, envolto em véus de ouro e crepúsculo. São os rostos que amamos, as histórias que nos moldaram, os momentos que se cristalizaram na memória como uma pintura antiga que jamais se esmaece. Mas nem sempre seu retorno é brando: há dias em que ele se impõe como assombro, inquietação ou dívida inacabada. São os erros que retornam, as promessas esquecidas que cobram seu desfecho, os olhares que julgávamos enterrados e que ressurgem, questionando-nos.


E o futuro? Esse grande desconhecido não é senão um palco onde o passado reaparece sob nova luz, onde os ciclos se fecham e as lições se repetem até que possamos, enfim, compreendê-las. Ilude-se quem pensa que a vida se desenrola em uma linha reta; caminhamos, sim, mas nossos passos desenham espirais, retornando sempre ao ponto de partida, ainda que transformados.


Que fazer, então, diante desse eterno retorno? Fugir é inútil. O tempo, em sua sabedoria impiedosa, sempre nos alcança. Talvez a única resposta seja acolher sua dança, compreender que cada reencontro com o passado é uma nova oportunidade – de resignificar, de concluir, de transcender. Pois o que chamamos de destino nada mais é do que a tessitura infinita do que fomos, do que somos e do que, inevitavelmente, voltaremos a ser.


Oliver Harden

Subscrito 

Bonani

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

"IGREJA.PALMEIRA E O EXEMPLO DE DÉBORA!"

AMIZADE: “PURÁ É A PURA!”

O QUE REALMENTE QUER DIZER O PREGADOR SOBRE ECLESIASTES 9:8?